Conheça os indicadores que auxiliam a prever surtos de agravos que podem ser transmitidos pelo Aedes aegypti (BOLETIM INFORMATIVO 007/2021)
Conheça os indicadores que auxiliam a prever surtos de agravos que podem ser transmitidos pelo Aedes aegypti
Alguns dados que podem auxiliar na identificação de surtos epidêmicos que são transmitidos pelo Aedes aegypti, ainda não são estudados de maneira mais abrangente onde se tem informações que são consideradas de vital importância para o acontecimento de surtos de dengue, chicungunya, zica vírus.
Devido a presença do Aedes aegypti em 100% dos bairros de nossas cidades, é possível realizar com antecedência um planejamento para identificar quais são os bairros que podem estar convivendo com ALERTA DE ALTO RISCO para os agravos que podem ser transmitidos pelo Aedes aegypti.
Não estamos acostumados a trabalhar com banco de dados entre as percepções de demografia, epidemiologia, ecologia humana e de vetores.
Para termos a noção sobre essas informações é necessário que todas as informações sobre as transformações de uma população que são determinadas pelas necessidades sociais, econômicas e políticas, que serão encontradas através da atividade de Reconhecimento Geográfico nas bases de dados do IBGE, sobre dados demográficos de saúde.
Nas informações epidemiológicas sobre os agravos transmitidos nos últimos anos na localidade, onde reside essa população. E, dados sobre a situação ecológica do vetor presente no meio ambiente, devem constituir de maneira sólida informações para o planejamento para bloquear surtos epidêmicos ainda não visualizado pela gestão.
Quais são os índices que a OMS tem como prioridade sobre a existência do vetor dentro de um território?
Se, esse índice constituído por sequencias acima do que é preconizado na área de saúde, esse território entra em ALERTA DE RISCO diretamente pela presença do vetor. Se confirmado casos desses agravos que podem ser transmitidos pelo Aedes aegypti, esse território automaticamente deve passar para ALERTA DE ALTO RISCO pela existência do vetor juntamente com os agravos do vetor dentro do território, e através dos dados identificados com situações propiciais da existência de criadouros acessíveis dentro dessa localidade.
Essas informações sobre a existência de criadouros nunca foi trabalhado para identificar nenhuma atividade de controle ao Aedes aegypti. Por isso, a importância de modificar a metodologia de controle ao Aedes aegypti, pelas “Novas estratégias de controle ao Aedes aegypti”.
Os ACE nunca trabalharam com um TABLET para identificar em cada imóvel a existência dos criadouros, pois em cada imóvel existente em qualquer território sempre existira pelo menos de dois a três criadouros acessíveis predominantemente em se tratando de zona urbana.
A atividade de controle vetorial com um Boletim Diário de Campo (BDCN), com autossoma capaz de produzir informações sobre o quantitativo e qualitativo de criadouros existente dentro de um território é questão primordial para identificar quais são as possibilidades de que o Aedes aegypti tem dentro desse território para infestação e dispersão do vetor dentro dessa micro área que pode ser denominada de quadra e até mesmo a localidade toda. Pois, o voo do mosquito para se alimentar e fazer a maturação de seus ovos é necessário que tenha disponibilidade de sangue, caso não encontre dentro dessa micro área, ele saí a procura de sangue para maturação de seus ovos. Além de que os ovos que são colocados através de uma fêmea infectada podem nascer novos mosquito já infectado, pela contaminação transovariana.
Portanto, esta é a resposta do porque em nosso estado temos todos os 141 municípios com presença do mosquito com mais de 50% em ALERTA DE ALTO RISCO e o país os 5.570 municípios com presença do mosquito Aedes aegypti, que não foi possível controlar com a atual metodologia.
Essa continuidade metodológica atual está levando a alta adaptabilidade do vetor Aedes aegypti, com a possibilidade de entrada de novos sorotipos (vírus) que podem ser transmitidos pelo Aedes aegypti.
A primeira atividade das Novas estratégias de controle ao Aedes aegypti
Parece surreal, mas a verdade que temos para apresentar sobre as “Novas estratégias de controle ao Aedes aegypti”, é baseada em fundamentos teóricos sobre o nosso objeto de trabalho que ainda não foi visualizado pelos gestores de forma a crer que é possível ser visto de forma muito clara quando o espaço que reproduz a sociedade na medida em que as transformações são determinadas por necessidade sociais, econômicas e políticas (SANTOS, 1982).
Por que temos o Aedes aegypti em todos os 141 municípios de Mato Grosso e (5.570) em nosso país?
Basta observar que a sociedade modifica o espaço em que vive de acordo com as necessidades das relações humanas, extraindo do ambiente aquilo que é necessário, caracterizando os lugares de acordo com a sua cultura e identidade em determinado período de tempo. Pois, a construção e reconstrução do ambiente, pela ação coletiva dos seres humanos, são criados e recriados nos modos de relacionamento da sociedade com o meio natural e na própria sociedade (QUINTAS, 2006), moldando segundo suas culturas e identidade. Que em concordância, Dantas e Morais (2012) reafirmam a transformação da natureza (ecologia do vetor e ser humano) de acordo com as necessidades humanas.
Santos (1997) afirma que o espaço é um sistema de objetos artificiais, povoado por sistema de ações também artificiais, tendentes ao lugar e a seus habitantes. Sendo que temos as mesmas características do que significa artificiais na área de saúde pública no controle ao Aedes aegypti que resulta nada mais na informação de que artificiais são os criadouros encontrados num percentual de 98% dentro dos imóveis em que o ser humano habita juntamente com o Aedes aegypti.
Nessa ótica, convém destacar que o espaço geográfico (território) pode ser considerado como acumulação desigual de tempo, na visão de Dantas e Morais (2012), pois contém o conjunto das forças produtivas que foram responsáveis para uma organização espacial especifica, como a força de trabalho, as necessidades humanas, bem como as realizações e frustações de uma sociedade. Onde nos diversos espaços acontecem as relações humanas, seja de convívio social, familiar, de trabalho, entre outras, que caracterizam e determinam a identidade da sociedade em determinado tempo/espaço e lugar.
Com relação a nossa atividade de Reconhecimento Geográfico na Vigilância em Saúde, Max Sorre foi quem aproximou a pesquisa geográfica da perspectiva da saúde, no inicio do século XX, uma vez que os problemas ecológicos trouxeram a necessidade da consideração do tempo e da ocupação humana (GUIMARÃES, 2015). Nesta mesma perspectiva que não foi discutida nessa época é que foi identificado que os problemas ecológicos eram visto somente na percepção do ser humano. E, agora temos a noção espacial e temporal que existe as questões ecológicas do vetor Aedes aegypti.
Por isso temos a categoria território espaço/tempo que foi intuitivamente às análises de John Snow, realizadas no século XIX, no ano de 1854 em Londres, em uma das epidemias de cólera trazidas das Índias (CAMARA et al, 2004), nas quais foram elaborados mapas tentando explicar a doença, relacionando-a aos miasmas nas áreas da cidade e à ingestão de água insalubre. E, foi nessa concepção que deu origem a área de mapas, território, espaço/tempo no que hoje denominamos de epidemiologia.
Portanto, a Atividade de Reconhecimento Geográfico na Vigilância em Saúde, tem-se tirado de lado com a velha metodologia, muitas vezes por falta de conhecimento sobre o significado do território na área de saúde pública. Mas, com as “Novas estratégias de controle ao Aedes aegypti”, isso terá que ser revisto, porque não tem como dissociar o epidemiológico do ecológico, pois ambos se encontram dentro do espaço tempo de qualquer território.
O que as “Novas estratégias de controle ao Aedes aegypti” nos mostra que não adianta prosseguir com uma metodologia que nos trouxe a beira do precipício mortal da presença de agravos que podem ser transmitidos.
Adaptações fisiológicas do Aedes aegypti
O Aedes aegypti tem capacidade de sobrevivência muito eficiente há pelo menos 30 anos. Por mais que já tentamos erradicar, controlar esse vetor, mas sem grandes resultados. Então qual é a possibilidade de controlar esse mosquito social que ainda tem causado estrago na saúde pública em nosso país e mais 130 países.
Ao longo de pelo menos 30 anos, o Brasil vem “apanhando” de um mosquito altamente adaptável e com capacidade para transmitir em nosso território até três doenças (dengue, chicungunya e zica vírus), o Aedes aegypti não encontrou dificuldade para se multiplicar, temos que reconhecer essa faceta atribuída ao Aedes aegypti. Mas, essa questão sobre esses agravos é mais agravante quando relacionamos aos dados que podem ser atribuídos à subnotificação.
A capacidade de adaptação do Aedes aegypti o torna um ser vivo muito eficiente. Essa capacidade de sobrevivência é fenomenal. A longevidade dos ovos também é impressionante, se posto num ambiente seco, ele resiste até mais de um ano esperando água para desenvolver. Nas cidades, a quantidade de lixo a céu aberto configura o ambiente ideal para o mosquito se multiplicar exponencialmente.
Como agravante, se a fêmea estiver contaminada ao pôr os ovos, os filhotes já nascem com o vírus. É a chamada “transmissão por via vertical”. Mas, isso não foi evolução, é uma adaptação. Ele já tinha essas habilidades, mas a presença em grandes metrópoles torna esse controle infindável, Em uma cidade populosa, um único mosquito consegue infectar muitas pessoas.
Ainda que o Brasil é um país de baixo investimento em saneamento básico fundamentalmente nas questões relacionadas a água servida.
Então, o inseto encontra uma situação ainda mais favorável, com a seca e as incertezas do abastecimento, a população se vê obrigada a acumular água. Segundo informações de alguns estudiosos o Aedes aegypti chega a ter até 80% dos focos encontrados dentro das casas. Mas, para as “Novas estratégias de controle ao Aedes aegypti” essa concepção muda, pois diante dos fatos identificamos com essa estratégia que 98% dos focos que são encontrados nos imóveis que são denominados de acessíveis, 1% de difícil acesso e 1% em outros tipos de criadouros. E, a maioria desses criadouros estão nos imóveis dentro dos criadouros de fácil acessibilidade, e sua grande maioria em criadouros terrestres, como tanques, tambores, cisternas e caixa d’água. Até pelo desconhecimento da competência desse mosquito, a população vem relaxando o controle a cada ano. Por isso, temos em 5.570 municípios a presença do vetor.
Desde 1986 quando se intensificou o registro de notificações por esse Brasil afora dos casos de dengue, mas o número real pode ser muito maior devido à subnotificação.
E para termos a certeza de que é possível trabalhar esses dados é possível realizar os registros dessas subnotificações que podem ser registradas através de um boletim especial de subnotificação:
Agravos: Dengue ( ) Chicungunya ( ) Zica vírus ( ) Covid-19 ( ) Hanseniase ( ) Tuberculose ( ) |
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Municipio |
Localidade |
Código Localidade |
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Nome Paciente (M) – (F) |
Endereço com CEP ou (Quadra, nº imóvel SISPNCD) |
Data Nascimento |
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Sendo que este registro de subnotificação pode estar ligado em uma planilha diretamente em Excel para detalhar as subnotificações que aconteceram nos últimos seis (06) meses na localidade (Bairro). Não há a necessidade de ser oficial. Mas, é importante sabermos quais foram as pessoas que contraíram as doenças que podem ser oportunistas para os agravos que podem ser transmitidos pelo Aedes aegypti. Portanto, a utilização de um TABLET é de fundamental importância nesses tempos para enfrentamentos desta (Covid-19) e futuras epidemias.
Planejamento da área de Vigilância em Saúde para os agravos oportunistas que podem ser transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti
Planejamento em Vigilância ambiental não é possível realizar sem saber o quanto de habitantes por faixa etária existe dentro desse território. E, conhecer todas as atividades humanas, e quantos é o qualitativo e quantitativo de criadouros existentes e os agravos que não foram notificados pela porta de entrada do SUS no SINAN.
Todo planejamento na área de saúde pública somente utiliza dados oficiais dos sistemas de informação. E, isso tem que ser alterado se quisermos estar no mesmo ritmo acelerado de adaptabilidade do Aedes aegypti.
Por isso, é fundamental a utilização do TABLET na atividade de campo do ACE/ACS, pois facilitará as informações que serão fundamentais para identificarmos quais são os determinantes e condicionantes que existem dentro desse território que nós estamos trabalhando e ainda não conhecemos essa realidade.
Conceitos e definições: Em termos práticos, entende-se a vigilância como a observação sistemática e contínua da frequência, da distribuição e dos determinantes dos eventos de saúde e suas tendências na população. Todo sistema de vigilância deve estar amparado por um marco legal próprio do Estado que garanta a operação eficiente de tal sistema. Portanto: o Módulo de Princípios de Epidemiologia para o Controle de Enfermidades (MOPECE), já existe. Mas, a grande maioria em saúde pública nem sabe o que está no “Módulo 4: Vigilância em Saúde Pública”,
O MOPECE é um instrumento de capacitação em epidemiologia básica, voltado para profissionais de saúde, especialmente aqueles que atuam nos serviços de saúde locais, que tem por finalidade promover o conhecimento e a aplicação prática dos conteúdos epidemiológicos no enfrentamento dos problemas de saúde local, assim como no apoio ao planejamento e gestão em saúde.
É importante salientar que “Esse Módulo apresenta os elementos, enfoques e usos básicos da vigilância em saúde pública como processo sistemático de observação de tendências em saúde, análise e avaliação contínua de necessidades de saúde nos níveis locais. Além disso, desenvolve objetivos, tipos e atividades principais dos sistemas de vigilância, sua relação com os programas de controle e planejamento e avaliação dos serviços de saúde. Destaca seu papel de informação para a ação e de organizador de respostas oportunas e efetivas perante situações de alerta epidemiológico”.
Não vamos basear as “Novas estratégias de controle ao Aedes aegypti”, sem aproveitar as metodologias já existentes. Pois, temos que colocar as informações que estão fora do contexto da atual metodologia de controle vetorial não somente em nosso país, mas em todos os países que existe a presença do Aedes aegypti. Porque, hoje o cidadão já não é mais somente local, esse ser humano é totalmente globalizado, por isso essas informações sobre uma nova estratégia deve conter, princípios que os profissionais tendem a acreditar, pois carregam ainda o pensamento de seus professores sobre o que é saúde pública no seu atual entendimento.
É, a proposta das “Novas estratégias de controle ao Aedes aegypti”, iniciar esse deslocamento da profissão e do profissional como um ser humano que está moldando a sua profissão que existe em mais de 5.570 cidades brasileiras e em mais 130 países. O conhecer e reconhecer desse profissional tem que ter bases solidas para a estrutura de saúde pública, onde temos que discutir em cada território usado e trabalhado com questão fundamental para o planejamento em saúde pública, fundamentalmente no controle do Aedes aegypti que existe quase que em todos os países da face da terra.
Portanto, as “Novas estratégias de controle ao Aedes aegypti”, carrega muitas estratégias existentes que nós seres humanos, criamos, porque a mais de 100 anos estamos lidando com o controle ao Aedes aegypti, sem obter êxito diante de sua dinâmica exponencial de adaptabilidade diante das metodologias construídas ao longo da história contra esse vetor. Por isso, é importante abrir essa discussão, pois alguém tem que abrir e mostrar o caminho, que pode ser percorrido no conjunto das obras cientificas construídas e colocar na prática de campo.